Descobrir na gruta a cama e dormir
a sabedoria primordial deve nos guiar
para além do que a ciência explora
há sempre o aroma do chá
Não devemos mais ter medo de deus
nem seguir profetas que dizem não
ou ritos que entregam sorrateiros
o poder para poucos, sem razão
Destruamos os templos
rezemos na praça
abertos, musicalmente
abraçar árvore, cultuar trovão
Vamos usufruir das coisas
como coisas que são
Apreciar a arte,
sem lhe cobrar utilidade.
Porém se servir o poema
para algo concreto, que seja
batido como gema e se torne
revigorante gemada poética
o que existe entre nosso olhar e o planeta
cria imenso abismo entre nós e o planeta
descobrir na estrela um farol e segui-la
para vivermos nossa santa animalidade.
Publicado originalmente em Maio de 2006.