Há quantas horas o vendedor da loja de ternos estaria de pé a esperar por um freguês?
Os ternos na vitrine eram coloridos, eu não saberia dizer o estilo deles, admito, não fazem parte do meu repertório modal. Têm bom corte e muitas texturas, das lisas às mais felpudas. Parecem feitos de lã, combinam cores diversas, inusuais.
Vários bonecos estatelados e alheios calçavam, inclusive, sapatos cobertos por um tecido mais espesso que os das vestimentas, todos estampados em xadrez. Uns esverdeados, outros amarelados e ainda os vermelhos. Detive-me um instante num dos bonecos: chapéu, fato completo, camisa, gravata e sapato, cada um de uma cor. Intensa opulência.
A ampla vitrine me deixava entrever, atrás dos bonecos e do vendedor de mãos na cintura e atitude nervosa, uma loja acesa e sem qualquer movimento em seu interior. Descobri apenas um segundo vendedor, também de pé, encostado a um balcão. Abateu-me um desânimo igual ao do primeiro.
Retornei ao conjunto de bonecos com os ternos coloridos. Tentei imaginar um homem a usar aquelas roupas e não consegui encaixa-lo no cenário - logo ali, uma mãe muito magra e de cabelo desgrenhado gritava os nomes de dois filhos inquietos.
Quantas horas mais ficara o vendedor a olhar para o exterior, amaldiçoando aquela profusão de turistas indiferentes, sem que sequer um rato de loja entrasse, ao menos para saber dos preços ou lhe tomar um dedo de conversa?
Os ternos na vitrine eram coloridos, eu não saberia dizer o estilo deles, admito, não fazem parte do meu repertório modal. Têm bom corte e muitas texturas, das lisas às mais felpudas. Parecem feitos de lã, combinam cores diversas, inusuais.
Vários bonecos estatelados e alheios calçavam, inclusive, sapatos cobertos por um tecido mais espesso que os das vestimentas, todos estampados em xadrez. Uns esverdeados, outros amarelados e ainda os vermelhos. Detive-me um instante num dos bonecos: chapéu, fato completo, camisa, gravata e sapato, cada um de uma cor. Intensa opulência.
A ampla vitrine me deixava entrever, atrás dos bonecos e do vendedor de mãos na cintura e atitude nervosa, uma loja acesa e sem qualquer movimento em seu interior. Descobri apenas um segundo vendedor, também de pé, encostado a um balcão. Abateu-me um desânimo igual ao do primeiro.
Retornei ao conjunto de bonecos com os ternos coloridos. Tentei imaginar um homem a usar aquelas roupas e não consegui encaixa-lo no cenário - logo ali, uma mãe muito magra e de cabelo desgrenhado gritava os nomes de dois filhos inquietos.
Quantas horas mais ficara o vendedor a olhar para o exterior, amaldiçoando aquela profusão de turistas indiferentes, sem que sequer um rato de loja entrasse, ao menos para saber dos preços ou lhe tomar um dedo de conversa?