terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sinapses

São luzes dentro da cabeça
ultrapassando membranas
formando sinapses
tecendo sonhos.

Toda a vida gira na cachola
feito barata tonta, que voa
e não mais que de repente
em emoção se revela

simples e perseverante
produzida em lampejos.
Um sopro de pensamento
e a latente faísca aflora.

Quantas vezes estoura
impaciente a memória
relegada, o que piora
a insanidade da gente?

É que a vida é impulso
intransigente. Outrora
escuridão, semente,
agora, via tortuosa:

desenhos de neon
em gambiarra pulsante,
em noite iluminada
numa cidade desperta.

Fagulha salta destemida
e se preciso repete,
consciente, sua piscadela
de vagalume vivente

até que a morte acarrete
o fim da jornada
e a estrada fluorescente
torne-se desértica.

E depois da vida acabada
a energia se espraia
do outro lado da casa
onde a luz permanece
Lisboa, 2012. Muita luz.

movimento distinto
fogueira em brasa
oceano de mentes

desencarnadas,


ligadas por única ciranda
de sinapses reluzentes.