Um personagem evoluiu em meio à bruma
e fez um verso d'uma sombra matinal:
"por detrás da escravidão fabril,
dos integrados à sociedade,
e da moderna tecnologia
transita a fome estreita.
Uma dor contrita minha alma espreita,
sua língua instruída expressa minha ignorância."
Minha cara ligada ao meu pé silvícola
afro-descentende enfim compreendeu:
sobreviver à minha existência
era o que me restava até eu ler
o que aquele brumado personagem revelou:
sua infância suja, maltratada,
desviada, enraivecida antes dos cinco
e antes dos dez a cachaça,
a ingrata ciência brasileira
da nossa absoluta miséria.
sua infância suja, maltratada,
desviada, enraivecida antes dos cinco
e antes dos dez a cachaça,
a ingrata ciência brasileira
da nossa absoluta miséria.