sábado, 29 de agosto de 2009

Aristocrata de novela





Sara Sarará
acenda o sorriso e releve
sua nobreza: ela se foi
por aí, esqueceu de falar
a você, Sarará, ela sumiu
pela falsa realeza,
na magreza de Anita,
faquir, a maldita sem cor
feito um velho badulaque

Comeu num salão esvaziado
Ferida do estômago à boca
espinho de pequi maltratou
sua branqueza, que se agitava

Cortina em cenário de mentira
a senil, a vilã, o rei, a tabaroa,
o galã e a mocinha donzela
vão sem ela, Sarará,

ela está sozinha.
"Luz de ré, pisca-pisca
piores coisas na ladeira",
disse, dopada biscateira
oxigenando a conversa
acredita ser Tristessa.

Deu cano, levou prensa
da galera, Sara
Sarará, refestele
abstraia-se das idéias
que sua nobreza se foi, daí
vale a vibração verdadeira

que sua pobreza é a crença
nesta consciência que escraviza
seu gesto e a enclausura
numa aristocrata de novela

incomoda-lhe tal verdade
de que vale a liberdade
de crer-se calcasiana
iconoclasta, instruída,
se a escovinha toyotista
é bafo quente na moleira?