quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Em Ondas


Suspensão das horas
olhos vidrados de temor,
cabelos em riste, calor
seguido por alívio repentino.

Expiro, refresca-se o sangue
atenuam-se as batidas do coração.

Esperança de estar deitado contigo em meus braços
seguida pelo medo intenso de te perder,
logo apaziguado pela memória de teus beijos,
pela sensação de que já te havia visto antes de te ver.

Desde que te vi, a propósito,
tenho andado como deve ser,
amante da vida, amigo do tempo.
A sensação de já não estar contigo
abala minha respiração, contudo.
Inspiro o ar, à noite, sem ti.

Até me convencer de que existes, logo ali
e com isto sentir todo o horror se dissipar.

Teu cheiro, meu alimento.
Pés no chão, vôo em sentimentos.

Ver-te, sentir-te, conhecer-te,
teu gene em meu lençol.
Sussurro, enlevado, eu te quero
todo eu: mente, coração
olhar, narinas, orelhas,
hábeis em te sentirem,
vertem-te sobre mim.
Minha mão toca-te em pensamentos.

Sem estar preso,
sou teu desde então,
até que digamos não, serei assim
dado a esta vontade, sem sofrer.
Encontrei-me a mim mesmo nesta perdição.

Teu amigo sincero, teu homem,
teu cúmplice: eis minha verdade.

Não te assustes, não me temas
dorme tranquilo, serei teu
sem te sufocar, inteiro eu,
enquanto assim o quiserem nossas liberdades.