Mãe da divindade
Senhora do tempo
No cume da esfinge,
maestrina da natureza
Santa, irmã dos enjeitados
amor eterno, dona da vida
ou sereia, puta, vadia,
amante da lua, rainha
nunca apenas isso, muito mais que tudo
que tu não te afogues na maré alta
dos recifes de águas turvas
neste tempo de atrocidades
que não te beijem os de fé ignota
dança com a púbis solta, requebra
acende o pequeno órgão rijo, última fronteira
entre tuas pernas, sete gozos seguidos
jorro de felicidade sobre o corpo que escolheres
és a rainha de tua vontade e mãe de tua história
por onde a terra caminha, já brotou tua glória
concubina do papa, boca do inferno,
cadela, vaca, galinha, vagaba, piranha
livra-te destas mazelas, limpa tua memória
santa, puta, mãe, sereia ou dona
não apenas isto, muito mais que tudo
sete gozos seguidos, felicidade jorra
do teu pequeno órgão rijo.