quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Pequenez

Um cão pequenez esperava à entrada do supermercado, preso a uma barra de ferro.

Quando aua dona, senhora com seus oitenta anos, ocupou um lugar na fila, ele se levantou sem festas. 
Por quantas vezes aquela espera se repetiu? 

Idoso como ela, diante da história que novamente acontecia, sequer abanou a cauda ao vê-la com um sabonete e duas frutas nas mãos igualmente cansadas. Nada para ele. 

Entretanto, sua felicidade de ancião consistia em saber que ela voltava para leva-lo dali. A qualquer momento, um faltará definitivamente ao outro e esta espera, sim, pareceu-me aflitiva em seus olhos lacrimejantes.

A morte da velha senhora seria mais terrível que a sua própria. A espera consolada do cão fazia a sua dona se lembrar de que não era apenas a morte sua companheira. Ambos caminham juntos sobre um tênue fio de vida.

Ela olhou em sua direção, a conferir sua presença enquanto, ensimesmada e triste, enfiava as compras numa bolsa de pano para depois, com a calma das mulheres idosas, entregar o dinheiro à moça do caixa.