sábado, 19 de junho de 2010

Mãe da poesia

Há uma dor e ela permanece 
oculta, lastimável nas entranhas,
em pesadelos, ave monstruosa,
senhora da fadiga. É esta a dor

que soletra um perene alarido ao poeta,
seca-lhe a garganta, borra seus sentidos

Fecha a estrada para outros versos,  
que não aqueles mesmos versos tristes.

Se a dor é mãe da poesia
de onde florescem áridas sensações

por estas, ao poeta o ressarcimento
e seus enfeites do caixão, no último dia

O poeta opera beleza com
padecimento
em face dela, o que resta é fantasia


Vale mais a memória d'um artista
que novas e utilíssimas tecnologias.