segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Agora o que serei amanhã

Um sabor de vinho na lembrança,
uma saudade e a indignação
com um douto vaidoso e superficial.





Eu sou o futuro de mim mesmo
tenho meu eu bem à vontade
a tantas anda minha memória
com turbinas de foguete nos sapatos

Meu corpo é retrato do que sinto
minha beleza é um corte de cabelo
meu gesto dá palavras à minha voz
meu verbo agiliza a digestão

Comprei um pênis no mercado de instrumentos
troquei uma mão por um par de largas asas
moldei um olho a partir de água pura
em minha testa injetei cinco neurônios

A boca acende uma lanterna vibrante
orelha toca música de elevador
na barriga um animal de estimação
na perna um filho espera o seu dia

Eu não coincido com imagem de cartaz
não tenho supridas minhas necessidades
torno-me melhor se me transplanto
e incorporo uma flor ao meu flanco

Cale seu discurso, sua previsibilidade
João no circuito e a Teresa na escuta
Não preciso de sua ciência, graças ao deus
que plantei nas pontas dos meus dedos

Além da mente o sonho
que meu corpo revela
pela roupa transparente
agora o que serei amanhã.